10/03/2015 17:45

3° Turno da Eleições

Em 2014, tivemos uma das eleições mais disputadas das últimas décadas no Brasil. Os debates acirrados foram marcados por acusações e ataques pessoais entre os candidatos, tentativa de criminalização do partido que está à frente do governo federal há 12 anos e confronto ideológico entre os projetos neoliberal e democrático-popular. No segundo turno, o candidato do PSDB centrou-se no debate pseudomoralista sobre denúncias de corrupção envolvendo membros do governo e na ideia de que o país estava maquiando uma grave crise econômica e que estava à beira de um abismo. A retórica oposicionista foi acintosamente amparada pela mídia, que não consegue disfarçar seu compromisso com os interesses das elites. Estas se esmeraram em propagar o ódio ao PT e ao governo, que vem contaminando, inclusive, setores que historicamente lhes deram apoio e sustentação.

Passadas as eleições, com a quarta vitória consecutiva do projeto democrático-popular, que
evitou o retrocesso das políticas neoliberais das candidaturas adversárias, a campanha do ódio continua, agora com o discurso da necessidade do impedimento da presidenta reeleita pela maioria dos brasileiros. É o terceiro turno das eleições. Inconformados com a derrota, buscam criar um clima de insatisfação generalizada com o governo, tentam envolver a presidente em denúncias de irregularidades na Petrobrás, condenando-a previamente, e não medem as consequências ao sugerir até a volta do regime militar.

O sentimento de ódio alimentado por uma parcela da população tem como base uma mídia conservadora que faz interlocução direta com aqueles que não respeitam as regras democráticas das eleições. Segundo o teólogo Leonardo Boff, as elites dominantes propagam o sentimento anti-PT, inconformadas em não serem mais a prioridade do governo, "procuram de todas os modos deslegitimar a vitória e garantir uma reviravolta política que atenda a seu projeto, rejeitado pela maioria dos eleitores". Falam em impeachment da presidente, mas com base em que? Pesa sobre ela qual acusação? A mesma foi denunciada, processada, julgada e condenada em qual ação? Se não há condenação alguma ou pelo menos indícios fortes de culpabilidade em algum suposto ato de improbidade administrativa ou de corrupção, qual seria a razão do impedimento? A motivação só pode ser então a de provocar um terceiro turno das eleições, para por fim a um governo que priorizou os pobres, que retirou mais de trinta milhões da faixa da pobreza extrema, que distribui renda como nunca na história do país, que derrubou a taxa do desemprego para 4,5%, que incluiu jovens trabalhadores, negros e índios nas universidades e nos institutos tecnológicos, que construiu milhões de moradias, que investiu em saneamento básico e infraestrutura nas cidades, que reduziu a mortalidade infantil, dentre outros avanços conquistados por meio de políticas sociais ousadas e eficazes.

Há insatisfações quanto às medidas anunciadas pelo governo para a promoção do necessário ajuste fiscal. São compreensíveis e o debate em torno delas é também do jogo democrático. Mas cabe lembrar que ainda vivemos uma grave crise econômica do sistema capitalista e que nos últimos anos muita coisa foi feita para se evitar a recessão e garantir os avanços sociais no país. Diante deste cenário de uma oposição de direita provocadora e antidemocrática e de uma mídia conservadora dominante e hostil, cabe às instituições da democracia a salvaguarda da vontade soberana da maioria do povo expressa nas urnas e a realização do debate para que todos se engajem na busca de soluções para a crise do momento. Que a presidente da República governe, realizando os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral em defesa dos trabalhadores e da maioria da Nação, na perspectiva da construção de um Brasil cada vez mais justo e solidário.


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Pedro Kemp In Blog